quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

BCBG à Portuguesa

Fico feliz quando me apercebo que vivemos num país muito bon chic, bon genre.
Ao contrário dos Nórdicos (uns pindéricos sem educação e boas maneiras) e de outros países cheios de legalidades e pruridos, aqui primamos pela boa educação.

Exemplos que atestam desta nossa absoluta superioridade relativamente a esses povos menos elevados:
As prendas de Natal não cabiam em três salas. Era sempre a mesma coisa, mas, para mim, era absolutamente indiferente quem me estava a dar a prenda. (...) Nunca comprei uma caneta ou um relógio, mas nunca me senti minorado na minha honestidade por causa disso." As declarações são de Jorge Sampaio, ex-Presidente da República, que ontem fez questão de comparecer pessoalmente no Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa para defender o amigo José Penedos. (...)
"Quando fui eleito Presidente da República, ofereceram-me uma galinha. Esse foi um episódio caricato, mas houve outros", contou Sampaio, que depois recordou ter recebido de tudo. Desde peças de louça de extremo mau gosto, até canetas ou relógios suíços. "Esta caneta que uso foi-me oferecida. Mas não sei dizer quem ma deu."
Os elogios para traçar a personalidade de José Penedos foram muitos. Acusado de três crimes de corrupção e participação económica em negócio, o ex-secretário de Estado foi ontem definido como alguém acima de qualquer suspeita. (...)
Os mesmos adjectivos foram usados por António Vitorino, ex--comissário europeu e socialista, que também considerou José Penedos como alguém impoluto. Sobre as prendas que o mesmo terá recebido de Manuel Godinho - o sucateiro que está em prisão preventiva -, António Vitorino também falou em termos genéricos. Explicou que só foi governante "dois Natais" e que a sua experiência era curta. Mas garantiu que as prendas nunca eram devolvidas, sob pena de o facto ser entendido como uma falta de cortesia.
Já na Comissão Europeia, Vitorino diz que foram estabelecidos limites para as prendas. Mas por imposição dos países Nórdicos, que consideravam de mau tom receber presentes.
Sobre as ofertas, o Ministério Público não interrogou as testemunhas. O juiz também nada perguntou. Lido, com pasmo, aqui.

O artigo não está escrito em tom irónico mas até parece. Fica, no entanto, o reparo: ficava melhor dizerem presentes em vez de prendas, que é assim um bocadinho mais povo. Mas a fonte é o Correio da Manhã e deve ser por isso.
Estas aventuras e desventuras fazem-me lembrar um episódio da fabulosa série Yes, Minister, que envolvia umas doações de entidades estrangeiras e, se a memória não me falha, uma especial da Fabergé. Acho que, por manifesta boa educação, o Ministro aceitou o ovo. O problema era o valor do dito ser superior ao do permitido nas ofertas a governantes. Uma pelintrice! Os presentes nunca se recusam. Nem são indícios de corrupção. É apenas uma questão de educação. E da boa!
E fico-me por aqui...

2 comentários:

  1. Este post está demais! Enquanto o lia, não consegui parar de cantarolar «É Natal; é Natal; Trálálálálá». Para estas pessoas, Natal é quando um governante quiser!

    Abraço.

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  2. Nem sempre, nem sempre. Para uns, coitados, é só duas vezes por ano. :P

    Bjs

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