domingo, 5 de dezembro de 2010

Voluntariado forçado e projectos vistosos - as escolas no mau caminho

Cada vez mais as escolas, hospitais e outras instituições dependem de trabalho voluntário para poder cumprir as suas funções.
A imagem é daqui, num artigo que destaca a importância da colaboração voluntária dos pais, numa escola da Florida. E que é positivo.
Mas o caminho não pode ser só esse.  Este artigo, no New York Times, é um sério aviso ao que pode vir a acontecer por aqui num futuro próximo. Por enquanto, os pais portugueses ainda não estão à beira de um ataque de nervos por causa dos projectos incessantes das escolas e das tarefas de voluntariado para que são "recrutados", como está a acontecer nos Estados Unidos, onde os cortes nos orçamentos escolares levaram à necessidade de, cada vez mais, se requisitar os pais para diversas tarefas e actividades (até leccionar algumas aulas!).
Por aqui, o problema começa pelos professores. Esgotados por vários projectos (muitos com pouco ou nenhum interesse para o crescimento educacional e pessoal dos alunos, mas com grande visibilidade para a escola e para a sua avaliação), há um número cada vez maior de professores que deixa para último lugar, na lista das prioridades, a preparação de aulas, realização de materiais ou correcção de trabalhos e testes.
Parabéns. Em breve, teremos as escolas transformadas em feiras de projectos e as aulas em festivais de palhaçada. Mas o que se pode esperar do corpo docente se, hoje em dia, as escolas incentivam e elogiam a competição perversa entre professores em vez de estimularem uma competição saudável entre os alunos e o seu próprio progresso? O trabalho voluntário é absolutamente louvável. Quando é voluntário e complementar.

2 comentários:

  1. Nunca vi maior fantochada do que esta coisa da avaliação dos professores.

    A incongruência, a arbitrariedade, ...diria mesmo... a sacanice e a falta de vergonha do esquema avaliativo e dos que o promovem fazem-me pasmar perante a letargia e o conformismo da classe docente.

    Nunca pensei vir a presenciar tamanho descaramento e tanta ilegalidade!


    Abraço.

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  2. Subscrevo, assino por baixo, faço minhas as tuas palavras, etc.
    Quem trabalha é escravo e tem de trabalhar mais. Quem faz por mostrar-se é rei e não faz nenhum. Haja paciência.
    Gostava de ver quantificadas as "evidências evidentes" de que esta palhaçada é útil para os alunos.

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