"A mesma lei que exige ao combatente o sacrifício da sua vida ordena-lhe que imole o seu adversário. As regras da guerra tentam em vão torná-la um jogo nobre, uma espécie de duelo onde a violência é limitada pela lealdade e pela cortesia. Mas o essencial continua a ser massacrar. (...)O homem encontra-se de novo liberto das interdições que o costume e a educação lhe impõem. Já não se inclina diante da morte nem a venera, dissimulando ao mesmo tempo a sua horrível realidade tanto à vista como ao pensamento. Agora ela está ali sem ornamento, sem algo que a enfeite ou a proteja. É a hora em que se pode impunemente saquear e emporcalhar esse objecto de alta reverência, os restos mortais do homem." Roger Caillois, O Homem e o Sagrado, edições 70, 1988. pp. 166-167.
Não vejo nem um miligrama de justiça na forma como se tratam os ditadores caídos porque não esqueço que este é o tratamento dado a muitos anónimos capturados nos campos de batalha. Só que não assistimos, nos noticiários, aos suplícios das mulheres, das crianças, de qualquer um que é apanhado por um inimigo "liberto das interdições que o costume e a educação lhe impõem." Mas só pode ser sempre horrível e assustador.
François Dubois, Le Massacre de la Saint Barthélemy
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