Hesitei longamente em postar sobre esta história. Mas, às vezes, os contrastes fazem-nos pensar. Sempre admirei as pessoas que se arriscam por outras ou pelos animais, como os que salvaram o pinguim do post anterior. Mas, infelizmente, também há os outros. Já há algum tempo tinha passado pelos diversos canais o vídeo de uma pessoa caída em Itália, numa estação de comboios, enquanto os passantes... passavam ao lado.
No entanto, no que respeita a desumanidade, conseguimos ir sempre mais longe. Na China, uma criança é atropelada por um camião. O camião continua o seu caminho (é um bocadinho pior, mas não quero relatar). Os transeuntes e automobilistas prosseguem também os seus caminhos. Após sete minutos a esvair-se em sangue, é finalmente ajudada por uma senhora que anda a apanhar lixo. O tipo de pessoa que, se calhar, também muitos evitam.
O vídeo teve milhões de visitas no YouTube chinês. A criança, aparentemente, está em coma num hospital.
Dizem os que pretendem explicar o inexplicável que, na China, se tornou corrente processar quem ajuda, alegando lesões decorrentes desse auxílio porque se pode ganhar uma indemnização jeitosa em tribunal.
Por isso, a mulher que ajudou a criança foi aconselhada pelos lojistas, a quem foi pedir auxílio, a meter-se na sua vida. Ter uma criança desconhecida, com dois anos de idade, a morrer nos braços e ouvir dizer uma coisa destas parece algo saído de um filme de terror, de absoluta alienação ou de outra coisa qualquer impronunciável. Mas depois lembramo-nos dos genocídios e das guerras e de todas as monstruosidades que conseguimos fazer e já se percebe como isto é possível.
A criança chama-se Yueyue e a história toda está no jornal The Guardian. Para estômagos fortes.
É por tudo isto que os animais são, frequentemente, muito melhores do que nós.
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