sábado, 13 de novembro de 2010

Guerra e Paz

Impressões trocadas:

Os Frescos de Santorini e Creta, com as suas cores vivas e representações da Natureza, confundem-se facilmente com a figuração de uma sociedade pacífica e idílica. Na realidade, a sociedade de pacífica teria muito pouco e, quando se procura a árvore em vez da floresta, identificam-se imagens de guerreiros de capacete e lanças ou de "desportos" menos suaves. Aos nossos olhos Pós-Modernos, no entanto, os golfinhos que surgem por todo o lado amenizam o carácter bélico desta sociedade e os adornos coloridos dos jovens pugilistas ou dos acrobatas que saltam por cima de touros remetem-nos para brincadeiras de crianças ou malabarismos de circo. Esta civilização, sobre a qual recai a suspeita de sacrifícios humanos, é transformada pela leitura que fazemos dos seus auto-retratos.
Neste blogue pode ler uma curiosa interpretação das pinturas de Santorini e das suas cores psicadélicas. Recomendo particularmente a ligação estabelecida entre este exemplo da arte minóica e os frescos similares dos Etruscos.
No pólo oposto está a violência em vários quadros de Picasso, onde o conflito e o contraste entre formas e cores são representativos de um horror histórico. A violência do que é representado transporta-se para a violência na tela, expressando o pacifismo de Picasso e a sua aversão aos conflitos militares, patente em Guernica mas também na sua descrição da guerra "como um jogo medieval entre crianças medievais".
É essa guerra que aparece em Massacre na Coreia, onde se revê o quadro de Goya mas também os soldadinhos medievais como peças de um jogo de adultos.
Os Frescos de Santorini mostram, de forma harmoniosa, a violência como parte da sociedade, possibilitando o seu embelezamento. Picasso demonstra que o Belo dificilmente se harmoniza com o horror da guerra.

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