sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Já chegou o Orçamento e agora

vai com o Pai Natal, num comboio ao circo.

As minhas sugestões para cairmos um bocadinho mais devagar no abismo. Assim, tipo irmos de parapente em vez de irmos de carrinho.

  • Tal como os franceses, acabarmos com tudo o que seja despesa "decorativa" do Estado. Se a casa está a cair, os enfeites e as flores ficam muito mal.
  • O Natal é um dia e o Carnaval são três. Se é um dia, não se justifica encher-se ruas e travessas de luzinhas. Pode ficar bonito (às vezes até nem fica) mas custa muito. 
  • Não conheço professores com gasolina de borla ou enfermeiros com casa paga. Também não devia conhecer deputados ou magistrados com ajudas desse tipo. Não quero saber se são funcionários públicos ou não. Somos nós que pagamos? Se sim, temos pena: não há dinheiro. Quanto à representação... se o polícia tem de pagar a farda e tem de andar fardado, não há razão para contribuirmos para o guarda-roupa de outros funcionários.
  • Acabar com os Governos civis, como toda a gente e mais alguém diz, mas ninguém faz.
  • Na Saúde, nunca mais haver idiotices de se deixar médicos reformarem-se mais cedo e acumularem pensões com salários no privado para depois se voltar a contratá-los por carência do Sistema. E a unidose devia começar já amanhã. Já está atrasada mais de 30 anos. Pelo menos... Não vou falar do dinheiro gasto com a gripe A. Já foi. Mas da próxima vez, controlem-se um bocadinho, está bem?
  • Na Educação, parem imediatamente com super investimentos em video-vigilâncias e reconstruções de escolas em muito bom estado. Vivo a dois passos de uma escola nova que veio substituir a escola que tinha o melhor edifício do concelho. A escola nova da Parque Escolar é muito engraçada, mas a antiga servia perfeitamente.
  • Com a digitalização crescente, justifica-se a existência de professores bibliotecários a tempo inteiro? Justifica-se um modelo de avaliação que pode retirar horas de aula a professores para irem avaliar colegas com as mesmas (ou mais) qualificações e experiência? Mas isto faz algum sentido num momento em que não há dinheiro para pagar aos professores os seus ordenados na totalidade? Não faz.Voltar à escola dos conteúdos em vez da escola das competências também não era má ideia.
  • Reformular as necessidades a nível do Ministério dos Negócios Estrangeiros e as assessorias e mais assessorias nos diferentes Ministérios. Se uma pessoa precisa de 3 ou 4 assessores, se calhar precisa é de ser substituído (a) por alguém mais competente.
  • O Estado é pesado e tem muitos funcionários? Então tem, com certeza, funcionários que cheguem para dar pareceres jurídicos. Nem mais uma avençazinha. Nadica.
  • Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque. Parcerias público-privado é trabalho para todos nós que pagamos impostos e conhaque para os amigos que vão metendo o dinheiro ao bolso.
  • Aumento do IVA é doloroso mas é cego. E isso não é mau. É, pelo menos, um imposto que todos pagam. Os que têm menos mas também aqueles que declaram ter menos no IRS. Aumentem, então, o IVA mas deixem os escalões do IRS em paz.
  • Limitações sérias em apoios sociais. Eu sei que a taxa de desemprego é elevada mas Rendimentos  de Inserção ou outros apoios têm de ser um incentivo à mudança de vida e ao empreendorismo e não um incentivo a não fazer nada. Também me apetecia, mas não pode ser.
  • A RTP 2 não é suposto ser o canal cultural e de serviço público? Não tem informação e cinema e teatro e música e conversa? Então não precisamos de uma RTP1. Privatize-se. Pode ser já a 1 de Novembro.
  • Acabar com a mania de que se fizermos um vistão, compensa tudo. Não compensa. Podemos ficar bem na fotografia, mas ficamos com o bolso vazio. Por isso, Cimeiras internacionais para as quais precisamos de tanques novos são piada de mau gosto. Já nos comprometemos? Temos pena. Caso os outros países não saibam, o mundo mudou nos últimos meses. É verdade porque ouvi na televisão, dito por um dos timoneiros que, às cegas, conduzem o nosso destino. 

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